Principais objetivos: A projeção populacional e a crescente demanda por carnes e derivados têm motivado a busca por fontes alternativas de proteínas. Dentre as vertentes exploradas, a produção de carne cultivada em laboratório, obtida a partir da cultura de células sem o abate animal, se destaca como uma solução potencial à carne convencional, uma vez que faz uso de metodologias mais sustentáveis, que maximizam o bem-estar animal e minimizam os efeitos nocivos à saúde humana. Embora a técnica de cultivo não seja totalmente nova, o método enfrenta desafios como a substituição do soro fetal bovino empregado na suplementação do meio de cultivo, que empata o processo devido ao alto custo, à baixa disponibilidade e às questões éticas. Desta forma, o presente projeto de mestrado visa extrair a albumina e otimizar a hidrólise enzimática de resíduos agroindustriais proteicos a partir de enzimas comerciais para obtenção de outros insumos de interesse (peptídeos, aminoácidos e vitaminas) na produção de carne cultivada. O rendimento de extração da albumina, as condições de hidrólise (temperatura, pH e razão enzima: substrato), as características físico-químicas do hidrolisado e os custos de obtenção serão estudados a fim de validar a aplicação destes componentes na produção de carne cultivada e, possivelmente, reduzir os custos do processo.
Nome: Rosana Goldbeck
Unidade: FEA-UNICAMP
Pessoas envolvidas: 1 docente FEA, 2 pesquisadores fora da FEA (Ital), 1 funcionário, 1 aluno de mestrado 1 aluno de graduação
Estágio atual: Em andamento
Como se integra à Agenda 2030: 2: fome zero e agricultura sustentável, 3: saúde e bem estar; 13: ações contra as mudanças climáticas.
Há interesse em ocupar a Fazenda Argentina: Sim
Se sim, qual a área estimada: não tenho ideia
Como se integra ao projeto de ocupação do HIDS Unicamp: O presente projeto pretende contribuir com os seguintes Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS):
(2) Fome zero e agricultura sustentável: Ao favorecer a redução dos custos do processo de carne cultivada e possibilitar que esta vertente se torne passível de produção em larga escala e comercialização nos próximos anos, o projeto atua de forma direta na erradicação da fome e contribui para que o desenvolvimento desta nova tecnologia forneça carne cultivada e derivados de forma segura, nutritiva, com menores graus de contaminação que a carne convencional e em quantidades suficientes durante todo o ano, para todas as pessoas. Além disso, ao aplicar os resíduos agroindustriais para obtenção dos hidrolisados, o projeto torna os processos de produção de alimentos mais sustentáveis, evitando o descarte inadequado de seus resíduos e ajudando a manter o ecossistema com a redução da pegada ambiental dos processos.
As perspectivas positivas do processo produtivo da carne cultivada têm atraído a atenção de muitos investidores nestes últimos anos. Só em 2020, o processo contou com 14% do capital (US$ 366 milhões) direcionado ao setor de proteínas alternativas, o dobro do valor atribuído no ano de 2019 e 72% maior que o valor investido entre os anos de 2016 a 2020 (GFI, 2020). Dessa forma, os resultados deste projeto devem favorecer ainda mais os investimentos em pesquisas de cultivo celular animal a fim de propiciar a aplicação dos hidrolisados proteicos e ampliar capacidade produtiva da carne cultivada, atuando de forma progressiva e positiva neste segundo Objetivo do Desenvolvimento Sustentável.
(3) Saúde e bem estar: Na pecuária tradicional, o emprego de antibióticos tem sido amplamente criticado quanto ao emergente surgimento de cepas resistentes de microrganismos, além da possível liberação dos mesmos para o meio ambiente (CHEN et al., 2019; JEONG et al., 2010). Além disso, as criações convencionais também estão expostas a pesticidas, arsênico, dioxinas, hormônios, agrotóxicos e metais pesados provenientes da nutrição animal e da bioacumulação do ambiente, associando outros riscos à carne convencional (BHAT et al., 2020). Entretanto, as chances de contaminação da carne cultivada e a incidência de doenças transmitidas por alimentos são consideravelmente menores a partir de um sistema de produção de carne in vitro, uma vez que os processos industriais são regidos por regras rígidas de controle de qualidade e apresentam controles efetivos de processos, os quais não são facilmente implementados em fazendas modernas de criação animal (BHAT et al., 2020). Sendo assim, ao favorecer a produção de carne cultivada o projeto visa contribuir com a saúde e bem-estar da população reduzindo riscos de intoxicações alimentares e contaminações, além propiciar um possível controle de doenças cardiovasculares, diabetes e câncer nas populações.
(13) Ação contra a mudança global do clima: Uma vez que o projeto contribui para o desenvolvimento da tecnologia de produção mais sustentável e com menor impacto ambiental que a produção tradicional de carne, este integra as medidas que contribuem para a minimização das mudanças globais do clima. Estimativas indicam que o ciclo produtivo da carne cultivada poderá reduzir em 99% de utilização da terra, em 96% do uso de água e entre 78-96% da emissão dos gases do efeito estufa (TUOMISTO; TEIXEIRA DE MATTOS, 2011), operacionalizando assim um sistema produtivo que atua positivamente ao clima global.
Público a ser impactado: Empresas que pretendem produzir carne cultivada
Fontes de financiamento: Este projeto de mestrado tem duração de 2 anos e está sendo apenas usado recursos do Proex-Capes. No entanto foi submetido um projeto temático FAPESP que dará continuidade a este projeto.
Resultados esperados: Espera-se encontrar resultados total ou parcialmente favoráveis que possibilitem uma posterior aplicação destes insumos provenientes de resíduos agroindustriais na produção de carne cultivada, com redução dos custos de processo. Com relação ao caráter tecnológico e de inovação, pretende-se, ao final do projeto, publicar artigos científicos em revistas da área, bem como, patentear os resultados gerados através do desenvolvimento de produtos e/ou processos.
Cronograma: 2 anos de execução – já está em andamento, 1 ano restante (projeto de mestrado). Pretende-se dar continuidade num doutorado nesta temática s+ 4 anos de projeto.