Por meio da portaria interna 04/2020, a Diretoria Executiva de Planejamento Integrado (DEPI) criou um comitê com objetivo de prospectar e propor conteúdo de interesse da Unicamp no Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS). O Comitê será composto pelos diretores das Faculdades – FCA, FCF, FCM, FE, FEA, FEAGRI, FEC, FEEC, FEF, FEM, FENF, FEQ, FOP e FT – , dos Institutos de Ensino e Pesquisa -IA, IB, IC, IE, IEL, IFCH, IFGW, IG, IMECC e IG – e dos Colégios Técnicos (COTIL e COTUCA), com seus diretores associados, atuando como suplentes. “Esse comitê será fundamental no sentido de garantir que conteúdos e temas de interesse da Unicamp estejam presentes na construção de laboratórios vivos nesse território. Além disso, trata-se de um instrumento importante para garantir a continuidade do projeto, especialmente nos momentos de transição política da Universidade”, disse do diretor da DEPI, Marco Aurelio Pinheiro Lima. Na prospecção de temas com os diretores de unidades da Unicamp vários temas surgiram: patrimônio ambiental e sociocultural, biodiversidade urbana e monitoramento microclimático; planejamento urbano-sustentável, mobilidade urbana, urbanismo tático, trilhas e ciclovias, direitos humanos, bem-viver, educação 4.0, energia, água, ciclo do alimento, lixo zero , economia circular, medidas e ciência de dados.
Laboratórios vivos podem ser entendidos como espaços para a constituição de comunidades de aprendizado que incluem acadêmicos de diferentes disciplinas, a iniciativa privada, o poder público e usuários daquele espaço que se envolvem conjuntamente para produzir conhecimento aplicado localmente para permitir a transição para tecnologias e práticas mais sustentáveis. O HIDS está sendo pensado como um distrito modelo de desenvolvimento urbano sustentável e inteligente na forma de um laboratório vivo. “Já iniciamos a construção de projetos dentro dessa abordagem junto aos stakeholders do HIDS (Conselho Consultivo Fundador), mas é fundamental definir quais deles atendem as demandas da Unicamp”, afirmou Lima.
A primeira reunião desse Comitê do HIDS aconteceu na última sexta feira (18), de forma virtual, com a presença de mais de 30 docentes da Universidade.
Saúde, bem-estar, lixo zero – Um tema que deve agregar várias unidades de ensino e pesquisa da Unicamp é saúde e bem-estar. A diretora da Faculdade de Enfermagem (FENF), Prof (a). Dr (a). Maria Helena Baena de Moraes Lopes, lembrou de áreas como inteligência artificial e saúde de precisão nos quais a FENF poderia contribuir. Ela lembrou ainda que no laboratório vivo do bem-viver que está sendo idealizado para o HIDS é fundamental incluir a educação e práticas integrativas para cuidar da saúde. “Na FENF nós temos um projeto nessa área que já atendeu mais de mil pessoas. O HIDS é uma oportunidade de ampliar isso para a comunidade”, disse. Ainda segundo ela, a área de enfermagem produz muito lixo. Há os processos de lavagem de materiais, descarte de seringas e agulhas etc., problemas de contaminação da água por fármacos como anti-inflamatórios e quimioterápicos. “A solução para essa questão importante envolve outras áreas, um desafio para um laboratório vivo do lixo zero e de avaliação de sustentabilidade”, afirmou Lopes.
A Prof (a). Dr (a). Gislaine Ricci Leonardi, que representou o diretor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, lembrou da possibilidade de ter no HIDS, também como um laboratório, uma horta comunitária de plantas medicinais.
A Faculdade de Medicina da Unicamp criou internamente um grupo de trabalho especialmente dedicado ao HIDS. “Diante da crise de financiamento que estamos vivenciando na área de saúde da Unicamp, agravada pela pandemia, nós vemos no HIDS uma oportunidade de estabelecer novos modelos de financiamento e de negócio para a área, a partir de parcerias com o setor privado”, disse o professor Gustavo Fraga, que coordena o grupo de trabalho. Ele afirmou que está cada vez mais claro que a melhor maneira de fazer medicina é prevenir a doença e já temos muita tecnologia para isso. “O HIDS tem tudo para ser um polo de telemedicina de referência no Brasil. Só que para isso, precisamos nos aproximar da iniciativa privada e encontrar novas fontes de investimento, além do poder público”, destacou Fraga.
Outra unidade que também criou um grupo de trabalho dedicado ao HIDS foi a FEEC. De acordo com seu diretor, Prof. Dr. José Alexandre Diniz, vários docentes da Faculdade já estão envolvidos em projetos que poderão evoluir para laboratórios vivos no HIDS, como o Centro da Água (uma parceria da Unicamp com a Sanasa) e o Campus Sustentável (em parceria com a CFPL). “Outro tema que nos interessa na área de mobilidade é um projeto de carros autônomos”, adiantou Diniz.
O Prof. Dr. Marco Aurélio Zezzi Arruda, diretor do IQ, afirmou que a Unicamp já tem como valores a integração com a sociedade, sinergia e a transdisciplinaridade. “A abordagem dos laboratórios vivos é um caminho para consolidar esses valores e o IQ pode colaborar muito a partir de sua expertise em projetos em parceria com grandes empresas como a Shell e a Petrobras”, disse. O diretor apontou ainda potencial de parcerias com a FCM, FEA e FEM em projetos aplicados na área de saúde, alimentos e nutracêutica. Para o diretor do IMECC, Prof. Dr. Paulo Ruffino, o HIDS representa um olhar para o futuro da Universidade. “Estamos atravessando uma pandemia, que traz uma série de problemas imediatos. O HIDS é uma oportunidade de pensar em soluções mais sustentáveis. Nesse sentido o IMECC poderia colaborar em diversos projetos de laboratórios vivos”, disse.
O IFGW, que também formalizou uma comissão permanente para participação no HIDS, enviou uma série de propostas incluindo a criação de um centro de pesquisa em aplicações de tecnologia nuclear, criação de uma laboratório para construção de equipamentos de porte para diagnóstico e tratamento de câncer, em parceria com o CNPEM, um laboratório vivo sobre transporte ativo, entre outras.
Educação 4.0 – Um laboratório vivo na área de educação, foi a proposta do Prof. Dr. Renê José Trentin Silveira, diretor da Faculdade de Educação. “Diante dos desafios da educação 4.0, me pareceu interessante aproveitar o projeto do HIDS para pensar na criação de um centro de referência de formação de professores, já dentro de um modelo de desenvolvimento sustentável. O diretor associado do IEL, Prof. Dr. Petrilson Alan Pinheiro da Silva, complementou a proposta dizendo que a escola estadual que já funciona dentro do campus poderia ser transformada em uma escola modelo tanto em práticas de educação quanto em sustentabilidade.
O diretor da DEPI destacou a importância da construção do conteúdo do HIDS como um processo participativo e contínuo. “Esperamos que o Comitê possa seguir nesse esforço de planejamento e construção de sinergias em conjunto, de modo que essas ideias possam evoluir para laboratórios vivos do HIDS”, disse.
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Por Patricia Mariuzzo