Principais objetivos: O projeto implica a construção e consolidação de um laboratório permanente de reflexão, pesquisa e atuação junto à política pública (e sociedade) na temática de riscos sistêmicos e emergentes. Tais riscos podem ser definidos como desconhecidos, pouco conhecidos ou familiares, mas emergindo em condições novas. Quando se fala em risco sistêmico, mais do que uma definição do mundo financeiro (ex: riscos que envolvem todo o sistema financeiro), pensamos de forma mais ampla: riscos sistêmicos colocam em risco toda uma gama de infraestruturas e sistemas interrelacionados, envolvendo economia, sociedade, cultura, cadeias produtivas, sistemas de saúde e outros. Um exemplo recente muito claro foi a pandemia da Covid 19, mas outros surtos (como Zika) ou riscos de escala global (como mudanças climáticas) entram nessa definição. O laboratório CIRIS pretende ser um lócus permanente de reflexão sobre os riscos, sobre as formas pelas quais a ciência atua em processos de delimitação desses riscos e de possíveis respostas; sobre como tais riscos são comunicados e os desafios desses circuitos de comunicação e percepção; e sobre como governar momentos de crise e respostas a esses riscos de forma a fortalecer formas democráticas e baseadas na ciência de atacar riscos emergentes.
O grupo de estudos CIRIS – Governança, Risco e Comunicação – formado em 2021 para pensar especialmente a crise da Covid 19, envolve um núcleo interdisciplinar de pesquisa e reflexão crítica acerca das interações entre ciência, expertise, risco, comunicação e processos decisórios. Partimos da premissa de que as relações entre ciência, política e sociedade, longe de serem lineares, operam a partir de uma inter-relação multifacetada de coprodução. Dessa forma, o grupo pretende desenvolver pesquisas acerca dessas interfaces, buscando produzir conhecimento e contribuir para aprimorar processos de comunicação e de tomada de decisão envolvendo expertise e ciência. Este grupo de pesquisa desenvolve estudos teóricos e empíricos centrados em quatro eixos analíticos:
- Riscos, incertezas e crises;
- Produção, circulação e usabilidade do conhecimento;
- Comunicação, enquadramentos discursivos e fluxos de informação;
- Governança da ciência e tecnologia.
No conjunto, as pesquisas desenvolvidas no CIRIS buscam evidenciar as complexas interações entre ciência, tecnologia e os contextos socioculturais nas quais estão imersos; e como estas relações participam de práticas sociais, conflitos e processos decisórios envolvendo expertise e comunicação de risco.
O projeto de ocupar o HIDS com esse laboratório é consolidar e ampliar a atuação do grupo, com infraestrutura ampliada, com uma gama de atividades maior. Incluídas aqui estão: pesquisa de nível internacional; interação com política pública, governos e empresas; produção de produtos de comunicação inovadores; reflexão sobre formas de governança e comunicação de riscos envolvendo diversas crises sistêmicas, com foco primeiro em riscos biológicos e mudanças climáticas; laboratórios de interface com a sociedade e tomadores de decisão, com espaços para realização de grupos focais, reuniões e divulgação de soluções.
Nome: Marko Synésio Alves Monteiro
Unidade: Instituto de Geociências
Pessoas envolvidas: 12 pesquisadores, envolvendo USP e UNICAMP
Estágio atual: O grupo de pesquisa já foi criado junto à UNICAMP, validado pelo CNPq. Estamos atualmente buscando consolidar financiamentos maiores à pesquisa para adensar o grupo e dar continuidade à sua atuação, principalmente a partir de projetos Temáticos FAPESP.
Como se integra à Agenda 2030: O projeto tem relação direta com os seguintes ODS: 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima (ajudando a produzir maior resiliência, capacidade adaptativa e cooperação internacional; e o ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis, apoiando o planejamento e a proteção de ambientes saudáveis
Há interesse em ocupar a Fazenda Argentina: Sim
Se sim, qual a área estimada: Estimo que 200 m2, envolvendo espaços para reuniões de trabalho; laboratórios para grupos focais; equipamentos de audiovisual e espaços de estudo.
Como se integra ao projeto de ocupação do HIDS Unicamp: O projeto de construir um centro permanente de reflexão, pesquisa e interação com a tomada de decisão em torno de Risco, Governança e Comunicação (com foco especial em grandes riscos sistêmicos) visa sanar uma lacuna na capacidade de planejamento e reflexão sobre formas de gerir riscos emergentes, tais como: pandemias (como Zika e Covid); riscos tecnológicos (como aqueles relacionados a novos organismos, engenharia genética, dentre outros) e riscos globais (como as mudanças climáticas e seus efeitos). A possibilidade de ter espaço físico com forte interação com outros atores e com a comunidade local promete fortalecer a capacidade do grupo de ter impacto local e global. Sendo o Brasil um país central no debate sobre mudanças climáticas e novos riscos emergentes ligados por exemplo ao desmate e pandemias, creio que seja estratégico este projeto no conjunto do HIDS.
Público a ser impactado: Tomadores de decisão (em nível federal, como ministérios, centros de pesquisa e governança, além de governos locais e estaduais); a comunidade de pesquisa em torno da UNICAMP; instituições de governança global do clima, como o IPCC e de saúde, como a OMS, e suas contrapartes nacionais e regionais; a comunidade local, especialmente em termos de engajamento direto, divulgação e atividades de relação com a comunidade.
Fontes de financiamento: O grupo possui no momento alguns financiamentos dispersos, mas a ideia é buscar financiamento de longo prazo, seja nacional (Projetos Temáticos FAPESP) ou internacional. Atualmente temos os seguintes financiamentos:
1) Bolsa Produtividade nível 2, CNPq (projeto sobre a pandemia da Covid 19, renovada até 2026)
2) Projeto “ODS 2.4-AM: entendendo o papel de redes sociais sobre a segurança alimentar ante extremos climáticos no Amazonas” Processo FAPESP: 20/08940-6 Linha de fomento: Auxílio à Pesquisa – Regular (sou pesquisador associado, num projeto liderado por David Lapola, do CEPAGRI)
Resultados esperados: Construção de um laboratório permanente de pesquisa e interface entre ciência e política em torno de riscos sistêmicos, ciência e comunicação. A interface entre governança, risco e comunicação será o foco de um grupo interessado em produzir conhecimento inovador na fronteira da ciência, de forma interdisciplinar; produzir impacto na política pública, através de engajamento direto com instâncias técnicas envolvidas na governança do risco, do clima e da saúde; produzir impacto em nível global, a partir do engajamento com instâncias de governança global fortemente fundamentados pela pesquisa, como IPCC, OMS e outras.
Cronograma: Esperamos ter um novo projeto temático submetido este ano (submetemos 1 em 2022, que foi recusado); temos resultados de pesquisa de diversos projetos sem financiamento, incluindo o projeto internacional CompCore (https://compcore.cornell.edu/) e o projeto ODS 2.4, com financiamento da FAPESP; e temos a ideia de nos próximos 5 a 10 anos aprofundar a interação com o projeto AmazonFACE (https://amazonface.unicamp.br/) que obteve um grande financiamento da Met Office do Reino Unido.